ÉTICA E CORPOREIDADE

Nas palavras  ECO (1994), é possível construir uma ética sobre o respeito pelas atividades do corpo: comer, beber, urinar, defecar, dormir, fazer amor, falar, ouvir, etc. Impedir as outras pessoas  de se deitar à noite ou obrigá-lo a viver com a cabeça abaixada é uma forma intolerável de tortura. Impedir as outras pessoas de se movimentarem ou de falarem é igualmente intolerante. O estupro não respeita o corpo do outro. Todas as formas de racismo e de exclusão constituem, em última análise, maneiras de se negar o corpo do outro. Poderíamos fazer uma releitura de toda a história da ética sob o ângulo  dos direitos dos corpos, e das relações de nosso corpo com o mundo. Tal releitura  permitiria buscar a transparencia e visibilidade das questões relacionadas ao preconceito e segregação que as pessoas com deficiência sofrem no dia a dia e que têm relação direta com a construção socio-histórica da corporeidade com base na dicotomia corpo-mente.
            O corpo nesta perspectiva é o primeiro momento da experiência humana, por meio de sua corporeidade do seu se-movimentar que o homem entra em contato consigo mesmo e com o conjunto da realidade. Segundo Santin (1987), o movimento antes de ser um fenômeno físico é um comportamento, uma postura, uma intencionalidade. É por meio do seu se-movimentar que o indivíduo realiza o contato com o mundo e consigo mesmo. Nesta perspectiva o movimento é caracterizado como modificações do todo indivisível que se relaciona significativamente a algo exterior a estas modificações ou mudanças. E neste sentido, o se-movimentar do homem é ao lado de falar, pensar, etc., uma das muitas formas que a unidade indivisível de homem e mundo se manifesta (KUNZ, 1998).

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